quinta-feira, 12 de abril de 2012

Riscos da Gestação para as Porquinhas-da-índia

A maior parte das lojas de animais tem a má prática de deixarem machos e fêmeas em idade fértil ficarem juntos no mesmo cercado, enquanto aguardam um cliente e dono amoroso comprá-los. Também na maioria das lojas não há pessoas que saibam efetuar a sexagem (identificação do sexo) dos porquinhos em exposição, e acabam vendendo ao cliente desavisado um casal prolífero ao invés de companheirinhos do mesmo sexo.   
Daí então, você os leva para casa e quando se dá conta, tem em suas mãos uma porquinha precocemente emprenhada!



 Imagem de autoria de Marina Oliveira de Souza
gentilmente cedida por Deborah Oliveira


  


Porquinhos-da-índia machos são férteis após 21 dias de vida, por isso, com essa idade são desmamados e separados das fêmeas... 
As fêmeas também são desmamadas aos 21 dias e férteis após quatro semanas de vida. O cio dura de 15 a 17 dias. O período completo de gestação leva de 59 a 72 dias dependendo do tamanho da fêmea e dos fetos, mas o período gestacional médio é de 63 a 68 dias. A cada gestação podem nascer de 1 a 7 bebês. É mais frequente nascerem 3. Poucas horas após o parto, as fêmeas podem entrar novamente no cio!
  



Será que sua porquinha está prenhe? Quais os riscos da gestação?

Pregnant Guinea PigPregnant Guinea Pig
imagem reproduzida de Guinea Lynx: Reproduction
 
A maioria das porquinhas-da-índia prenhes, com acompanhamento veterinário e gestação planejada levam a gravidez até o final e parem bebês saudáveis e normais. A probabilidade dela morrer por complicações na gestação e no pós-parto é de 20%. 




Por isso é imprescindível tomar todos os cuidados durante o período pré-natal. Se o porquinha-da-índia é muito jovem ou velha, os riscos aumentam acentuadamente. Em ambos os casos é recomendável ter em mão o nome e o telefone de um veterinário especialista em pequenos animais exóticos e silvestres, porque certamente você precisará dele!

Quais são os fatores importantes na gestação das porquinhas-da-índia?

1 - O fator mais importante no sucesso da criação é que as mães não sejam muito velhas nem muito novas no momento da primeira cria. Recomenda-se que não sejam emprenhadas antes dos cinco e após os sete meses de vida.

2 - Em segundo lugar, que a dieta das porquinhas durante e depois da gestação seja nutritivamente adequada ao momento. Gestantes tem necessidades nutritivas especiais e precisam ingerir maiores quantidades de água fresca, vitamina C e cálcio.

3 - O terceiro fator mais importante é que as porquinhas-da-índia não podem estar muito gordas.


4 - Os porquinhos-da-índia machos são quase todos bons reprodutores. Mesmo após orquiectomizados (castrados) eles mantem o instinto de montar nas fêmeas e em outros machos, pois deste modo eles buscam a liderança no grupo. Por isso, se sua fêmea está prenhe, separe-a do macho para evitar que ela fique estressada com as sucessivas investidas dele.

5 - Se sua fêmea for de pelagem longa, mantenha os pelos ao redor da vulva aparados e limpos.


6 - Porquinhos-da-índia, machos ou fêmeas, NUNCA devem ser mantidos  em cercados ou gaiolas pisando diretamente em arames, grades ou telas, ou em pisos com espaçamento. Pisar constantemente em superfícies assim  rapidamente provoca inflamações nos dedos dos porquinhos, machucando-os e possibilitam a contaminação dos ferimentos por bactérias causadoras da pododermatite.  Animais mantidos em superfícies como estas, deformam os pés e articulações, estendendo-se os danos à coluna vertebral. Imagine o que provocam nos pezinhos das pesadas porquinhas-da-índia gestantes!
 
porquinha-da-índia prenhe em granja no Peru, onde a criação é voltada para o consumo. Tipos de superfícies como a da imagem machucam os porquinhos.


7 - As porquinhas prenhes chegam a dobrar em peso. Evite manuseá-las principalmente no final da gestação. Elas ficam terrivelmente inchadas e muito desconfortáveis nesta fase. Procure aloja-las individualmente durante após os 40 dias de gestação, ou pelo menos num cercado com o menor número possível de companheiras.


Problemas comuns na gestação e no pós-parto

Toxemia da gravidez ou cetose:

A ocorrência de natimortos e abortos em porquinhas-da-índia são mais frequentemente associados com toxemia gravídica ou cetose. Cetose uma condição comum em seres humanos e em outros mamíferos. Ela ocorre quando o corpo queima uma grande quantidade de gordura em resposta a níveis inadequados de glicose no sangue ou de glicogênio acessível no fígado. Dois fatores são responsáveis ​​por essas condições em porquinhas-da-índia :  
  • alimentação inadequada e nutritivamente pobre durante a gravidez;
  • fêmeas muito obesas para começarem a procriar. 
Também as porquinhas com privação alimentar e nutricional no terceiro último período de gestação sofrem o risco.  São muitos fatores que podem levar os porquinhos a não obterem nutrientes necessários durante a gestação e logo após o nascimento : pouca disponibilidade de comida, alimentos inadequados e nutritivamente pobres incapazes de atender suas necessidades específicas, infecções das mamas (mastite), falha do útero para se limpar adequadamente após o parto (metrite) e desidratação. Algumas linhagens de porquinhos-da-índia são geneticamente mais propensos  para desenvolver a doença. Toxemia gravídica ou cetose é mais comum durante a primeira ou a segunda gravidez de uma porquinha.


Os sinais da doença aparecem de repente e progridem rapidamente. A porquinha pára de comer e beber e logo desidrata-se. As fezes podem se tornar amolecidas, mucóides ou cobertas por muco. Conforme a doença avança, a porquinha se tornará cada vez mais fraca, desenvolverá respiração difícil e muitas vezes morrem entre dois e cinco dias. Estas porquinhas ficam hipoglicêmicas, isto é, o açúcar no sangue (glucose) fica anormalmente baixo (inferior a 60mg/dl). A sua urina normalmente básica (alcalina) torna-se mais ácida (o pH da urina normal é 9). Devido à perturbação do metabolismo seu fígado produz ácido acetoacético em excesso, acetona e B-hidroxibutírico (cetónicos). Proteínas e cetonas são também derramados na urina. Tudo isto pode ser rapidamente detectado com exames de sangue e de urina.



 Não há nenhum tratamento consistentemente eficaz para esta doença de modo que a prevenção é a chave. Evitar a obesidade, a gravidez tardia e a precoce, bem como o estresse durante a gestação



Não reproduza porquinhos-da-índia em casa e sem assistência veterinária especializada. Não deixe sua porquinha procriar, principalmente se ela for demasiado jovem (antes dos cinco meses) ou idosa. Tenha certeza que seus porquinhos tomam doses adequadas de vitamina C. A necessidade de vitamina C (ácido ascórbico) aumenta durante a gestação e acredita-se que as deficiências limítrofes de ácido ascórbico contribuem para um nível elevado de abortos e natimortos entre porquinhos-da-índia.

Os sinais iniciais de escorbuto - doença provocada pela carência de vitamina C - em porquinhos são inicialmente vagos, confundindo-se com sinais de outras doenças. Os sinais incluem anorexia (falta de apetite), pelos arrepiados e opacos, apatia, fraqueza e hemorragias subcutâneas. Depois, podem ocorrer o alargamento articular e a dor nas articulações. Porquinhos com escorbuto, muitas vezes rangem os dentes e geralmente ficam com o corpo dolorido, ressentindo-se com a manipulação. Também deixam de caminhar e passam a se locomover aos pulinhos, semelhante aos sapos, por causa das dores.


Lembre-se que a vitamina C decompõe-se rapidamente, especialmente sob os efeitos da umidade, do calor e da luz. Portanto, não mantenha uma ração com vitamina C guardada por mais de dois meses. Dê às porquinhas alimentos ricos em vitamina C ou suplemento em gotas. Não é recomendável adicionar as doses de vitamina C na água do bebedouro. Recomenda-se dar diariamente,  por via oral, cinco gotas de vitamina C da gestação ao final da amamentação. 
 A falta de higiene também pode facilitar infecções bacterianas por Streptococcus, Pasteurella bordatella e aumentar a incidência de natimortos e abortos.
 

Distocia ou parto difícil:
Distocia ou parto difícil é relativamente comum em porquinhas-da-índia. Está associada com o fracasso da sínfise púbica, uma articulação no interior da pelve, em relaxar completamente durante o nascimento para permitir que os bebês passem pelo canal do parto. Isso ocorre mais nas fêmeas cujo primeiro parto aconteça após os sete meses de idade, ou  antes dos cinco meses de idade. Outras causas são obesidade ou um ou mais fetos muito grandes. Os sinais clínicos que os bebês não passam através do canal são inespecíficos. Eles incluem a depressão, dificuldade ou desinteresse por comer (anorexia), corrimento vaginal sangrento marrom-esverdeado e sinais de cetose.
  
Em uma situação de gestação planejada e monitorada, o veterinário colocará o dedo pelo canal do parto e determinará se ele está largo o suficiente para os bebês passarem. Ele pode aplicar uma injeção intramuscular com o medicamento chamado ocitocina, de 0,2 a 3 unidades por quilograma. Alguns criadores profissionais induzem o parto dando às porquinhas gestantes 2 unidades de ocitocina no sexagésimo sexto dia de gravidez. A droga faz efeito dentro de vinte minutos. O veterinário avaliará a necessidade de dose adicional, mas sempre estará pronto para realizar manobras ou cesarianas nestes casos. Este procedimento é bastante complicado em porquinhas-da-índia, por causa da reação a anestésicos.

Recomenda-se isolar a porquinha-da-índia em trabalho de parto de outras porquinhas prenhes,     para evitar que estas comam a placenta, que contem ocitocina, e venham a abortar os seus bebês.
 

Agalaxia ou fluxo de leite insuficiente:
Agalaxia  é a falta de leite, e também é comum. É o resultado de desnutrição, cetose , desidratação, mastite ou uma falta de ocitocina natural. Porquinhos órfãos ou aqueles cujas mães não têm leite precisam ser alimentados com mamadeira e papinha especial.  

Porquinhos que nascem com menos de 55 gramas raramente sobrevivem. Ninhadas de três ou quatro filhotes geralmente são bem sucedidas. Certifique-se de que os porquinhos menores consigam mamar porque os bebês maiores, mais vigorosos, disputam o acesso ao leite com eles. Verifique o leite com frequência . Qualquer evidência de que o leite é agregado e incolor ou que a glândula está arroxeada e dolorosa é sinal de infecção da glândula mamária (mastite). Em caso de mastite, os bebês precisam ser imediatamente separados da mãe para que ambos sobrevivam. Mastite provocada por estreptococos é relativamente comum em porquinhos-da-índia.

fontes: Dr. Ron Hines; Guinea Lynx